O caçador e a onça
Poeta j sousaQue era amigo meu
E ele foi me contar
O que lhe aconteceu
Ele me disse: "josé
Na serra do catolé
Eu fui caçar certo dia
Na caça nada matei
E nesse dia passei
Uma grande agonia.
Quando eu entrei na serra
Pode acreditar, irmão
Deparei-me com uma onça
Valente que só o cão
Quando ela olhou pra eu
Abriu a boca e correu
Atrás de mim pra me rasgar
E eu empurrei o pé
Correndo com muita fé
Que Deus ia me salvar
E eu corria bastante
Sentindo as pernas cansando
E a onça pega não pega
Nas minhas costas fungando
A onça escorregava
E no chão se esborrachava
E eu ganhava caminho
Correndo feito um louco
Porém a onça com pouco
Já estava de mim pertinho
Correndo eu dizia assim
Ou meu Deus, vou morrer novo
Por felicidade a onça
Escorregava de novo
Aí eu ganhava terreno
Mas a onça era veneno
Corria igual ela só
Quando pra trás eu olhava
A infeliz já estava
Colada em meu mocotó.
Com mais alguns minutinhos
A onça escorregava
Aí mais caminho eu
Nessa carreira ganhava
Era a onça escorregando
E eu correndo e gritando
Ou meu Deus acuda eu!
Aí ela escorregou
E não mais se levantou
Porque da queda morreu"
Quando ele terminou
De contar essa história
Eu falei assim pra ele
Você teve uma vitória
Mas pode crer meu amigo
Se isso fosse comigo
Em casa eu tinha chegado
Com as calças meladinha
Porque sem dúvida eu tinha
Ficado todo cagado.
Quando eu falei assim
Ele foi olhou pra mim
E começou a me dizer
Sem nada de cara sonsa:
" E tua acha que a onça
Vinha escorregando em que?"
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