Rappek

Depressão

Rappek
Eu preferia tá fazendo outra canção de amor
Do sentimento quase extinto que ninguém dá valor

Várias perguntas sem respostas eu fiz pra mim mesmo
E toda vez que eu cai, tentei um recomeço

Nesse mundo eu sei que tudo, quase tudo tem um preço
Os amigos vão embora e a cobrança chega cedo

Tentei ser o melhor, mas ninguém me deu pódio
Então peguei inspiração pra retratar o meu ódio

Prometi pra mim mesmo que não ia desistir
Tenho que batalhar, tenho que resistir

Mas caminhar é difícil quando se perde o chão
E respirar é difícil com essa poluição

Porque amar é difícil quando não tem coração
Porque rancor é melhor vivendo na solidão

Porque a vida só traz o que eu tento esquecer
Se prometi tantas coisas que aqui nem dá pra escrever

A cada lágrima que cai, me sinto tão incapaz
De honrar minha família e exaltar meus ancestrais

Eu não quero chorar, mas depressão não tem remédio
Eu não quero sofrer, mas minha vida é um tédio

Cada frase que eu escrevo é uma parte de mim
E cada parte é uma lembrança que me deixa assim

Isso é uma bola de neve gerando minha revolta
Como posso ser feliz com a maldade em volta?

Vejo gente matando, vejo gente morrendo
Estou sangrando por dentro, meu coração tá sofrendo

Sinto um ódio tremendo que eu não posso conter
Tanta maldade na mente me vai causar AVC

Pra você ver, pra saber que tá na boca do lobo
Meu estilo é pesado, tipo fogo contra fogo

Vermes no poder só me dão mais motivos
Pra ser um cara agressivo pro seu sistema nocivo

Como estar doente sem saber a doença
Contaminado pela vida e a sua indiferença

Pra muitos é só crença, pra outros é cultura
Pra uns a vida é fácil, pra outros vida dura

Só que a minha ideologia está um pouco confusa
Pois a estrada é tenebrosa e a neblina assusta

Mais um monstro adormecido vai acordar pra vida
Pra quem sabe a muito tempo, teve infância sofrida

Ver seu pai trabalhando, não tendo tempo pra você
Só que ele tá no trampo pra te dar o que comer

Eu agradeço a DEUS por ter feito o vento
Pois ele seca minhas lágrimas aqui nesse momento

E eu agradeço a DEUS por todas dificuldades
Isso me deu coragem, me fez ser homem de verdade

Então peguei o desprezo condenando meu fim
Abri meus olhos, levantei, continuei só por mim

Quem dera fosse assim, vou fazer meu Halloween
Hoje é sexta-feira treze e o sangue virou jasmim

Tristeza vem sem querer, as vezes, só por brincadeira
Alagando minha alma, a mente cheia de goteira

Vem cá, me diz o preço dessa redenção
Sentir o gosto do fel no mar da escuridão

Pra matar meus sentimentos e jogar no caixão
Pra relembrar que os pensamentos nunca foram em vão

No coração de papel que todo mundo amassa
Nessa comemoração sem champanhe ou taça

Sei que aqui é cruel, entre o inferno e o céu
A babilônia está queimando, cai a torre de babel

Pro juiz sou mais um réu, ele quer me condenar
Se tô certo ou errado, só DEUS pode me julgar

Não, não vou chorar só pra te alegrar
Depressão é uma doença que pode te matar

Faz querer se vingar e atirar no espelho
Mas pecador aqui sofre, tem que andar de joelhos

No descabelo eu vi que a criança não sorriu
Pensei que fosse o Brasil, mas era a puta que pariu

Me incomoda sua moda que corrompe a pureza
No país do preconceito, morrer é uma certeza

Mais um corpo sobre a mesa, mais um luto em silêncio
A marcha fúnebre prossegue, capitão nascimento

Falo sobre a favela, agradeço a platéia
Sou quebrada, sou viela, abraço a ideia

Tiros e mais tiros, tiros de traçante
Atravessam minha mente, abalam meu semblante

O sol se põe no horizonte, dá pra ver lá do morro
Sirenes passam rasgando, alguém pedindo socorro

A mercê da maldade que no meu verso aqui jaz
Vivendo nessa utopia que eles chamam de paz

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