Vitorino

Aos maridos

Vitorino
Os meu amigos moram à janela
De agências funerárias que morreram
Todos moram tão mortos como elas
Essas casas de acaso onde nasceram
Amo deitar o corpo nessa aurora
Desfeita como um leito por compor
Onde um suor de maridos se demora
Sem nada que os espante ou atraiçoe
Os meus amigos dormem sobre a mesa
Que os maridos trocaram pela sesta
Ou os prazeres de domingo: a praia o sol
E quando chegam cedo de surpresa
Notam a mesa posta a casa em festa
E um resto de amor sobre o lençol
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