Vitorino

Dizem praí que chegou

Vitorino
Dizem praí que chegou
A liberdade apressada
E eu ainda não dei por nada
Continuo sendo o que sou

Olho aberto e mão na foice
Tenho a mesma dor nas costas
Mas eles já dão resposta
Se lhes pomos a questão

Tanta seara tanto pão
E só um dono a mandar
E lá por melhor pagar
Continua sem razão

Se foi aqui que eu nasci
Foi aqui que eu aprendi
A cansar-me e a suar
Se esta terra já conhece
As minhas mãos e os passos
Que lhe dou alegre ou triste
E o patrão não desiste
De dizer que é tudo dele

Agora pia mais fino
Já não há tanto assassino
À solta por esses campos
Juntamos os nossos ódios
As nossas foices e braços
Nossos destinos e vamos
Gritar a essa canalha
A terra a quem a trabalha.

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