Vitorino

Fado do jovem velho

Vitorino
Abro a boca fecho a boca
não digo nada a ninguém
não me interessa quem em toca
nem abro a porta a quem vem

Fico num canto a roer
as unhas do desespero
não vale a pena bater
não abro porque não quero

Gostava, isso sim, gostava
de ver crescer neste nada
uma semente de lava
em olhos de água parada

De modo que fico ao espelho
vendo o que a vida me fez
e ou bem que fico velho
ou bem que nasço outra vez

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