Ita cunha

Madrugador

Ita cunha
Quando a manhã se rebolca no serenal do potreiro
Clareando o pago fronteiro, cacho atado a Cantagalo
Se o dia vem de a cavalo, luzindo o aço da espora
Já me agarra campo à fora de armada pronta pra um pealo

Pelas ondas fogoneiras arrocinei meu destino
Fui assim desde menino, sono escasso e madrugada
E uma amplitude sagrada velando as noites serenas
Que refletiam minhas penas do espelho das alvoradas
E uma amplitude sagrada velando as noites serenas
Que refletiam minhas penas do espelho das alvoradas

Sempre fui madrugador, mateio antes do dia
Pois quando o galo anuncia já ando até de tirador
Me acomodo num fiador, d'onde a pátria não refuga
Deus ajuda quem madruga e eu tenho fé, sim senhor

Cheiro de garra e galpão, fogo de chão, yerba buena
E a campeira cantilena da cambona nos tissão
Lá fora rompe o clarão da linda estrela boieira
Que trouxe a lua matreira pra se banhar no lagoão

Quem salta cedo do catre tem mais um ganho na lida
Se ajeita as coisas da vida com calma e tempo de sobra
Neste fundão se desdobra, meio bicho, meio gente
Pra encarar o sol de frente tapeando o foia de abóbra
Neste fundão se desdobra, meio bicho, meio gente
Pra encarar o sol de frente tapeando o foia de abóbra

Sempre fui madrugador, mateio antes do dia
Pois quando o galo anuncia já ando até de tirador
Me acomodo num fiador, d'onde a pátria não refuga
Deus ajuda quem madruga e eu tenho fé, sim senhor

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