Mango carneador
Ita cunhaSou carneador das ovelhas num braço forte de angico
Domingo santo, bendito, que a peonada bolicheia
Berra encerrada as oveia a espera do sacrifício
Salpica o sangue de estrelas sobre o céu das alpargatas
E o fio afiado da faca, mostra afinal ao que veio
A corrente que eu maneio facilita o carneador
Eu que ja fui ramo e flor, hoje sustento e carneio
E se antes fui angico, sentindo o vento na cara
Hoje sou eu quem agarra, assim me fiz carneador
Enquanto a estância ressona num cochilo sossegado
Eu levo a dor do pecado em cada oveia sim, senhor!
O sangue pinga na lata exala toda fragrância
Pra cachorrada da estancia tudo é luxo e municio
Pouco importa o serviço, a causa, necessidade
Se obra de caridade ou fruto de um sacrifício
Eu também já fui consumo carneado pelo machado
E o horizonte largo não vai além da mangueira
A sombra da corticeira é "d'onde" moro, onde fico
Sou braço forte de angico sustento pra carneadeira