Ita cunha

Potrilho, potro e pingaço

Ita cunha
Uma clinera de algodão
Desta minha pelagem ruana
Placenta, areia e grama
Depois, corpo cambaleando
De a pouco fui me firmando
Cabeceando um ubre cheio
Pra depois ser pataleio
E outras horas retoçando

Cortei o vento com a cara
Correteando no varzedo
Corri penca com a cadente
Pra saber o mais ligeiro
Quando vi, não era potrilho
Era potro de ano e meio
E percebi que andava perto
O peso bruto do arreio

A corda juntou meus cascos
Entre a poeira da mangueira
E minha alma matreira
Se atorou num tombo só
Aqui nestes cafundós
É bocal, garra e chilenas
Não se sabe o que é ter pena
Não se sabe o que é ter dó

Potrilho, potro e pingaço
De primeira cambaleando
Depois me fui correteando
Com o vento enredei a clinera
Senti a fúria das chilenas
Que me charquearam a puaço
Nesta luta braço a braço
Ressonava a cantilena

Se laçam, fico cinchando
Se frouxam a rédea, troteio!
Se gritam um “êra boi”
Ando junto com o ponteiro!
Se cruzam a talha pra conta
Sou eu que conto primeiro!
E atado frente ao bolicho
Relincho e sacudo arreio!

Encontrou algum erro na letra? Por favor envie uma correção clicando aqui!