Caseiro
Arthur mattosPor quem é braço direito
E sombra de quatro patas
Que até nem vejo defeito
Confesso que a gratidão
Na hora que fui buscá-lo
Foi pela intenção do amigo
Nem dando pelo regalo
Te falo em bueno de ouvido
Este cusco que relato
Pra desfazer um refugo
Ao tirar touro do mato
Me lembro de uma cruzada
Com tropa num passo cheio
No aperto, ficamo' os dois
Por cima do mesmo arreio
Já não atende um chamado
Nem vai além da porteira
Faz um costado pra encilhar
Cuidando a sua maneira
Aquerenciou-se na estância
À espera de um tropéu
Seria o vão do galpão
Alguma porta pra o céu
Já não atende um chamado
Nem vai além da porteira
Faz um costado pra encilhar
Cuidando a sua maneira
Aquerenciou-se na estância
À espera de um tropéu
Seria o vão do galpão
Alguma porta pra o céu
Somente se vai pro campo
No sangue de algum herdeiro
Toureando o ciclo que a vida
Reserva pra o Ovelheiro
Se na mangueira é escola
Pra duetar com os seus
No rancho, se faz cavalo
Pra montaria dos meus
Quando eu apeio nas casa'
O olhar, comigo, se agacha
Bordando luas com gosto
E pêlos junto à bombacha
Se agora lhe falta pata
Não é pra campear afagos
O apreço que sai da cola
De mão aberta, lhe pago
Embora c'o a vista gasta
Bombeia perto a fardida
E, por caseiro, repara
Os dois extremos da lida
Vou farejando a saudade
Tal fosse meu descendente
Porque será que o cachorro
Vive tão meno que a gente?
Embora c'o a vista gasta
Bombeia perto a fardida
E, por caseiro, repara
Os dois extremos da lida
Vou farejando a saudade
Tal fosse meu descendente
Porque será que o cachorro
Vive tão meno que a gente?
Porque será que o cachorro
Vive tão meno que a gente?