Riqueza de posteiro
Arthur mattosQue já me deu muito gosto mandando corda em rodeio
Quando eu abria pra fora num armadão encopado
E acomodava o chumbado lustrando a capa do olho
Um ranchito meia água no posto dos Dois Pinheiro'
Que não troco por dinheiro, nem por nada desta vida
Um Colorado Pinhão mascando um freio de mola
Pra o guri novo ir pra escola floreando no corredor
Uma cadela Brasina que é um relógio trabalhando
E um Carijó orquestrando bem antes da luz do dia
Um Oveiro e um Pitanga pra o ofício do arado
E um truco bem orelhado por vício, n'algum domingo
Do meu campito de lei, fiz bem mais que uma querência
Fui repechando a existência culatreando meu destino
Tendo a gordura dos anos junto da maçã do peito
E um mundo que ergui de um jeito que o tempo me permitiu
Minha arma é a palavra que brota do coração
Que é igual travessão de cincha, não se entrega pra bufão
Mas carrego uma Coqueiro por presteza de vaqueano
Pras balda' de algum fulano nunca cruzar da porteira
Mas carrego uma Coqueiro por presteza de vaqueano
Pras balda' de algum fulano nunca cruzar da porteira
E, quando a noite se aquieta, meu canto desenrodilha
E a goela tine a presilha num verso que é minha prece
Lampejam luas e aguadas pelo olhar da amada
Numa quarteada de sonhos, costeando mate e fogão
Ainda tenho por luxo, pra o meu banquete campeiro
Um carreteiro de ubre com espinhaço e mandioca
Arroz com pesco' do cedo, mogango e batata assada
Apojo gordo e coalhada, canjiquinha com costela
Por isso, tenho a riqueza que Deus reservou pra um peão
Pois tudo que vem do chão alimenta corpo e alma
E, enquanto sobrar o tino pra amanuciar minha eguada
Hão de me ver pela estrada estendendo um trote largo
Do meu campito de lei, fiz bem mais que uma querência
Fui repechando a existência culatreando meu destino
Tendo a gordura dos anos junto da maçã do peito
E o mundo que ergui do jeito que o tempo me permitiu
Minha arma é a palavra que brota do coração
Que é igual travessão de cincha, não se entrega pra bufão
Mas carrego uma Coqueiro por presteza de vaqueano
Pras balda' de algum fulano nunca cruzar da porteira
Mas carrego uma Coqueiro por presteza de vaqueano
Pras balda' de algum fulano nunca cruzar da porteira