Coplas de terra morena
Gustavo teixeiraflorescer sonhos e cardos
e as tranças forem o rumo
dos buçais bem reforçados,
pra escorarem os tirões
dos baguais de primavera
então serei um dos poucos
a não me tornar tapera.
Donde provém meu sustento
é onde o baio relincha
e o vento que venta norte
toreia o capim da quincha
eu sei meu mundo é pequeno
vai pouco além da invernada
mas sei que tem muito mundo
pra onde segue essa estrada.
O mundo que segue a estrada
eu muito pouco conheço
mas sei dos que aqui voltaram
que é um mundo do avesso
onde os sonhos valem pouco
e a alma dos campeiros
são escravas dos fantasmas
que lhe apartaram do arreio.
REFRÃO:
E enquanto eu tiver meu baio
e a força sustenta no braço
de certo nao passo fome
como com a boca do laço
pois quando se abre no céu
armada depois rodilha
meu mundo fica por conta
só do botão da presilha.
Sou campo, terra e bem mais
do que eu possa desejar
e um dia a terra morena
vem por certo nos cobrar
então serei só recuerdos
povoando sonhos e fatos
e um sembralte gaúcho
na palidez dos retratos.