No amanhecer da porteira
Gustavo teixeiraTraz sonhos colorindo sem fim
De um verde que me invade a mirada
Quais olhos romanceados pra mim
O bordado do campo mostra o brilho que a noite orvalhou
E o sereno que apeia
Na macega que um grilo pousou
Que milongueando recebe a aurora num clarão da estrada
E a lua mansa se alinha solita junto à madrugada
Sigo tranqueando
No mesmo passo do pingo
Alma lavada por diante o sonho de algum domingo
Bater de casco nesta querência fronteira
Namoro lindo de folga
Pra amanhecer junto a ti na porteira
O horizonte que ao longe
Sangra o dia pra o fim da boieira
E o banhado consome
Pra os caprichos de uma corticeira
Que mostra o rumo beirando a picada
Que um gaúcho cruzou
Ficando um rastro da flor colorada
Que o peão regalou
Rancho de campo enraizado no tempo
Cabelo negro florido esfiapado com o vento
Folga a distância
É tradição na fronteira
Rumo de casa que achega
Pra te saudar no cruzar da porteira.